Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pele de cão



Talvez seja muito cedo para pensar no final. Mas agora parece tão tarde para não pensar assim. E as idéias se amontoam tentando aquecer a memória do frio que faz aqui dentro. É tão longe, tão denso. Completamente modificado hoje, ontem isso tudo não faria o menor sentido. O casaco não serve mais, o frio chega e se aloja por depois dos ossos. Deixa a pele marcada de um tanto de vento gelado que passa por mim como se eu fosse apenas uma barreira que ele transpõe fácil. Ontem li os escritos de alguém que também sente frio. O vento não bateu só em mim. Gosto deles. Realidade que parece vir de uma existência ainda dolorida, digitadas em forma de um vômito por vezes curador. Se eu encontrasse a chave, talvez pudesse me curar. Nunca ouvi falar de alguém que tenha se curado de algo que não o encontrou ainda. Pode ser  pura distração, ou apenas falta de vitamina D. Queria poder conversar com quem os escreveu, parece que ele precisa conversar, parece que eu preciso conversar. Solidões paralelas e distantes, sempre com frio, a minha parece estar evoluindo para um estado pretensioso agora. As noites são mais frias, e é um pouco mais fácil dormir. De qualquer forma, essa não foi uma boa noite. Agora já é tarde e o café vai cair bem. O dia vai vir repetido de ontem, terei que montá-lo com cara de hoje. Os dias nascem para que os matemos pouco a pouco, hoje tenho urgência.




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