Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sábado, 23 de junho de 2012

Camuflagem inversa






Por que alguns dias precisam morar na gente?
Por que não posso simplesmente tirar o casaco e entrar em casa?
Por que as janelas não abrem?
Por que a claridade insiste em entrar?
Por que a velha ponte está sempre tão firme?
Por que os olhos são sempre verdes?
Por que não consigo tirar os sapatos?
Por que ninguém volta?
Por que ninguém à volta?
Por que a música é tão fria?
Por que os passos no assoalho de cima nunca cessam?
Por que esse barulho todo?
Por que a porta não é amarela?
Por que precisa de uma tatuagem para lembrar de respirar?
Por que é preciso tanta força para continuar?
Por que a mesma expressão sempre?





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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.