Não tenho o que te dizer. Apenas um lamento por ser tudo antigo. Nada de novo não. O vento não muda nada por aqui. O hoje é o mesmo ontem fazendo-se de novo para iludir-se de amanhã. Mas é o mesmo dia velho. E na verdade não lamento por ser assim. Não lamento coisa alguma. Isso seria algo novo. Os outros continuam a passar na velha ponte. Cortam os mesmos galhos secos. Varrem as mesmas folhas caídas. Até a água da torneira de ferro parece enferrujada. Um emaranhado de impossibilidades. Uma estranha sensação de conhecer a voz do vento. Familiaridade criada através do medo do incomum. Pelo menos por aqui não posso reclamar da falta de linearidade. Só o suficiente. Os farelos de casca de ovo cozido ficaram dentro da chaleira que nem chia mais. Alguém passou por aqui com fome. E não entendeu que casas velhas são sagradas. Não se deve mexer em nada. O passado nunca passa.
Não se deve mexer mesmo no passado. Postei antes no twitter, o saber pode confundir, até mesmo interferir no que sentimos. Por isso, o passado deve ficar lá, restrito.
ResponderExcluirUm beijão. Adorei o texto.