Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 29 de janeiro de 2012

Simétrico


Mãos reais
Perfume maduro
Orelhas pequenas
Palavras que tocam
Olhos que falam
Fotos perfeitas
Escritos belíssimos
Um segredo
Pés no mar
Desenhos na pele
Música na alma
Um roteiro
Sorrisos perdidos no meio da simetria








É sentir teu passo chegando
arrastando tudo
chegando sempre na escuridão
no frio
no silencio que vem de longe
chega e tranca
não tem como sair
é sempre uma noite longa
um frio constante
é sempre só e distante
uma névoa que fecha tudo por dentro...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Esquecer




Sobre o que não sei sentir eu vi certa vez .
Levava junto um travesseiro branco, um poema e minha lágrima.
Foi para longe e lá ficou, perto do mar, perto da montanha também.
Ensinou tudo que não aprendi ao mar e ao flamboyant.
Ensinou sorrir a cada manhã.
Ensinou o perfume e a suavidade de cada flor.
Ensinou que nem todos podem aprender sobre esquecer.
O poema era sobre ensinar e deve estar amarelado e esquecido.
E acho que fiquei com medo de ouvir o que a onda poderia me contar em uma manhã comum...


Apatia


Eu queria não estar aqui quando chegares
Queria não ser quem procuras
Queria não te ser próxima
Não conhecer tua face
Nem teu cheiro seco
Ou o gosto amargo
Queria não te sentir quando a noite se aproxima
Junto com teu frio de névoa cinza
Queria morar longe de mim
E te ser perdida
Mas não importa onde eu esteja
Tu logo chegarás
Eu sinto agora
Ouço teus passos arrastados
Não existe mais lugar seguro
É só um tempo perdido
Um tempo onde só tu és
E eu durmo...

Branco




Não acredito em verbos conjugados no passado, não acredito em gente calada, em linearidades, muito menos em certezas ou verdades.
Não acredito no vazio e nem no verão.
Não creio em bolo com glacê e nem em pudim de pão, coisas muito doce no geral não são confiáveis, bacias de plástico e saleiros são estranhos.
Se um recado está pendurado em uma colher de pau deve ter um assunto duvidoso, às vezes não.
O vinho pode te surpreender e a vida te decepcionar algumas vezes.
Não acredito em gente que grita e não acredito nas distâncias, não acredito em telefones também.
A distração é algo bom, porém não confiável.
A esquerda é mais antiga que a direita, e a contra-mão é instigante.
O raciocínio lógico é inacreditável e a diferença dos segundos nos anos levam muito tempo para  formar um minuto, isso não deveria ser uma preocupação.
As folhas mortas ainda criam vida e alguma pessoa viva cria morte em seu pensamento supostamente vivo.   O tempo é algo que engana e o relógio mente demais.
O agora já não existe e a luz das estrelas é muito antiga, é uma luz que não está mais lá, mas eu acredito nela.
As promessas são esquecidas e novas são juradas todos os dias.
Os encontros são desencontros de outros encantos e o doce fica bonito em palavras.
A chuva nunca mente e o vento é amigo, mas é muito fácil perder a chave...





quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Do anjo




Entender a simplicidade e nobreza da ponte justifica o afastamento das margens do rio. Além disso ninguém sabia que petúnias brancas são quase tão belas como as margaridas. Em campos de flores não é necessário ser ponte e nem ultrapassar distâncias, é só um lugar calmo, onde se pode dormir, uma ou outra vez.


Caber do verbo de dentro



Pode ser que um Cello caiba na música, pode ser que apenas uma nota baste.
Pode ser que o céu caiba no olho, ou pode também a chuva inteira caber na nuvem.
Pode caber o sonho na noite, ou uma tarde inteira dentro do sonho.
O dia pode não caber no tempo ou o tempo sobrar no dia.
Pode a alma transbordar e não caber no corpo ou o corpo pode sugar a alma e se afogar no ego.
Pode o dia inteiro caber na mão, e pode também a mão esmagar o dia inteiro.
Pode caber e pode vazar, pode sobrar e pode faltar.
O que não pode é negar ...



Saber o sabor



 É que talvez o senso de coletividade das galinhas atrapalhe sua percepção de individualidade ( pode ser que elas sejam como a erva do suco, que não tem identidade, é só uma ervinha de suco, de laranja claro, já que o de melancia é indigesto). Diferente das baleias, pois a crueldade de sua matança é tamanha que justifica tsunamis e não provoca sentimentos de compaixão em indivíduos ocidentais que criam seus próprios apelidos.

  Concordar que os homenzinhos de Liverpool faziam um som que não agrada e sua presença de palco era patética. E que um certo figurão do cenário cult musical nacional é na verdade um mercenário sem capacidade de inovação, bem como, o  mais respeitado entrevistador da televisão também é absolutamente prepotente e intragável.

  Pizza marguerita é boa quando se corta dois pedaços da fatia com o garfo e o resto fica muito mais saboroso se pego com a mão. Esmalte claro deixa mãos femininas interessantes e mesmo que a dona delas seja uma pateta, podem ter um toque charmoso. O vinho de uma determinada região do Chile é pretensioso demais, talvez tanto quanto a região em si. O garçom precisa ser chamado pelo nome, e fica muito engraçado justificando a temperatura inapropriada do vinho escolhido.

  A arquitetura do ambiente é percorrida centímetro a centímetro e algumas coisas são estranhas. De tarde café cítrico não é bom, ainda mais se for fraco, que pode ser relacionado com a indicação de localização do local, não pelo endereço, e sim pelo caminhão de cimento na frente. Tanta interferência em uma cidade tão pequena.

  Mas o importante é nunca pedir uma maquiagem leve à alguém que você não tenha certeza da percepção de leveza. Entregar livros em embrulhos vermelhos pode lhe tirar o sono ( de uma maneira encantadora ) . E a chuva é sempre linda, mesmo que o rímel escorra.



Átimo



 Em determinado momento a natureza parece parar, o vento adormece, todos os elementos silenciam, os animais aquietam-se, tudo torna-se sereno. Talvez o tempo como aprendemos a ver seja apenas uma impressão equivocada. Talvez estejamos completamente enganados sobre sua verdadeira relatividade, se Ossendowsky conseguiu descrever lapsos no tempo, seria ele o único a perceber dessa maneira?
  E se todas as verdades que aprendemos como imutáveis forem apenas projeções da nossa mente acomodada? Sem questionamentos, sem mudança de ângulo de visão. Desde sempre nos foi ensinado, por convenção, que a medida de tempo é numeral, sempre exata ( realmente isso facilita muito o funcionamento do mundo enquanto sociedade ). Quantas vezes deixamos de ver as coisas que podem ser as reais, as verdadeiras e mais importantes, por estarmos sempre olhando para o que nos é imposto como real. 
  O tempo poderia ser sentido e não medido, acho que assim, sentindo sua intensidade, energia, cheiro e cor, poderíamos começar a entendê-lo. Claro que o tempo tem cor, e não uma única. Sim, o tempo precisa de sinestesia. O mundo precisa de sinestesia, e com uma certa urgência; urgência é uma maneira de sentir o tempo, ou entender seu valor. 
   O tempo precisa de tempo para ser revisado...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Um



Tempinho

um tempo só
                 
de ser um tempo único

de ser um tempo sozinho




Leve



Um tempo singular
de esperar
imaginar
querer tocar

Um tempo de insônia
com nome
muita música
e algumas margaridas de madrugada

Um tempo bom
de querer bem
de ser simples
e junto...


Dançando



Me dê tua saudade
em uma única dança
que caiba na canção perfeita
dentro da noite mágica
perto do sonho
longe do chão
no encontro esperado
de somente te sentir...


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Imutáveis


Poemas sangram
Flores murcham
Galhos secam
Cortes cicatrizam
Correntes aprisionam
Janelas fecham
Luzes apagam
Noites atormentam
Livros calam
Horas torturam
Verdades morrem
Intervalos somem
Silêncios ensurdecem.
Nada permanece.





quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Vertigem



Um pensamento linear. Uma horizontalidade constante. Nunca é de fora, é sempre mergulho. Necessidade de lente micro para visão clara do macro. A lentidão e a calma são indispensáveis. A verticalidade assusta, e faz perder a lente, projetando imagens gigantescas. Monólogos mesmo quando potencializados jamais terão status de diálogo. Os olhos deveriam permanecer fechados para aprender a ver realmente e fugir do abismo, mesmo quando é possível voar. A ruptura do tempo remete a uma simetria reversa, interna, sem variáveis de pólos. É síntese de cortina fechada e espetáculo por dentro, em preto e branco. No silêncio...


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

hoje


Não achava palavras naquele instante. Tudo que já havia lido sobre isso eram agora apenas palavras e não serviam. Não encontrava similaridades ou traduções, verbos ou adjetivos, não cabia em páginas. Acontecia dentro e pela primeira vez era do lado de fora do livro...




Pode ser que almas reconheçam solidões além da matéria e por sabedoria divina sejam tocadas por sentimentos novos....  isso deve bastar.



Valsa




aqui onde durmo é assim:
quieto
tranquilo
seguro
com cheiro de infância
suave
com música
mas estou sempre sozinha

( a bailarina da caixinha de música )



http://www.youtube.com/watch?v=JSi1SLsIEb0&feature=share

Tarde



De perder...
a chave
a hora
o sono

De imaginar...
o lugar
o toque
o cheiro

De sentir...
o frio
o vazio
a falta

De querer...
ser
estar
sentir




terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sentimentalidades


Tua voz
Teu cheiro
Tua pele
O sabor
Fica em mim... e eu nem sei como é

Não sei o tom
A predominância
A textura
O gosto
E ainda assim está em mim

É uma sensação de falta de algo que sobra aqui... ou ali.



sábado, 14 de janeiro de 2012

Pulsos




Enquanto sou ausência
invado o escuro
sinto o peso do frio
engulo o grito
amarro a lágrima
acaricio a lâmina
e venero a inocência da morte lenta...




Prólogo



 Eu não escrevo para ti, se escrevesse seriam cartas e não o são. Minha escrita é egoísta, é minha, de mim e para mim. Talvez não exatamente de mim ou sobre mim, mas por mim.

  É simples, necessário, sagrado e ritualístico. Perfumado, doce e às vezes dolorido. Importante, santo, meigo, forte, nem sempre belo, mas constante. É lágrima, riso, tudo que tenho, o que nunca tive. Minha falta e tua ausência, faca, pedra, muitas vezes flor. O que posso e o que não consigo, é visceral, pulsante, ínfimo e colérico. É quando descanso de minha insônia, quando posso ser eu sem nome, posso morrer sem culpa.

  Escrever é perturbador, é o que cura... de mim... de ti.



Pausa



Era um 13 de janeiro, uma sexta-feira 13. Começou de maneira tão bela. Uma música, uma viagem, vinho, chocolates, uma promessa, vários livros, mãos charmosas... Era um tempo intrigante. Lembra? 13 horas, 13 dias, 13 anos, quem se importa?  Duas vidas, tua vida, minha vida e o tempo, um espaço. Projeção? Talvez sim, talvez não.  Sexta Feliz!?


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

De gota



Choveu...
de música e suavidades
de ausência.

Choveu...
de cartas e seus lindos selos
de livros.

Choveu...
de um filme antigo
de café.

Choveu...
de uma noite inteira
de sentir.

Choveu...
de somente cair a água leve
de sem você.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Brevidades


Ele lhe pediu uma descrição breve,
Ela sorriu, baixou o olhar, pensou...  falou baixinho, enquanto fazia dobraduras no guardanapo:
 - Eu deveria ter sido vinho tinto, queijo forte para comer com doce. Um plátano no outono, uma melancia no verão, uma chuva leve em qualquer estação, um ballet. deveria ter sido uma fatia de pão quente com casquinha crocante e geléia de amoras, um bloco de anotações, um lápis, um livro, uma cena de filme antigo, preto e branco, uma ópera. Deveria ter nascido ruiva, uma montanha e um penhasco. Um piano, uma margarida branca, uma pérola, uma renda, seda e às vezes algodão. Uma música triste, um violino, sempre uma música. Uma música para sempre. Uma cidade distante, pequena, intensa, nublada. Um chinelo de dedos e uma pulseirinha de contas coloridas, uma roupa colombiana, uma trança colombiana também e uma loja de máscaras de Veneza. Um riacho, uma pedrinha, água de fonte. Uma brisa, uma mão, uma caixinha de música. E definitivamente, eu nunca seria breve...
Ele a beijou.


Diversidade

     

    Não entendo uma porção de coisas. A primeira é o fato de imaginar que eu tenha que entender tudo. E na maioria das vezes não entendo nada.
     Mas algumas coisas me intrigam realmente. Não entendo como alguém pode achar gosto de alguma coisa em um sorvete de creme. Sorvete de creme não tem gosto de nada, é só uma coisa gelada, cremosa e sem emoção, será essa a intenção dele? Só passar a sensação gelada e cremosa?
    Não entendo como alguém pode chamar aquele pãozinho de padaria de cacetinho. Nossa, eu até parei de comprar, porque chegava no balcão e pedia; - Moça, por favor dois daquele ali óh, o mais branquinho. E sempre nessa hora, independente da padaria que seja, mercado, armazém, qualquer lugar mesmo, a " moça " grita; - Ah, dois cacetinhos. ( A compra do pão transformava-se em algo broxante ) .
    Nunca entendi as noivas que ainda casam-se de branco, enquanto  os noivos usam preto. ( Pelo menos eles são sinceros ). 
   E comer aquelas conchinhas escuras, mariscos. Jura que alguém come aquilo porque é bom?
   Assistir reality show. Quem disse que aquilo é realidade? Ultimamente não entendo como alguém assiste o que quer que seja que passa na televisão. Conheço um homem que morre de medo de sapo, e adora carne de rã, entende isso? E quem mente que gosta, só para não estar sozinho, não está sozinho? 
   Tem uma coisa que eu queria muito entender, que é a seguinte mistura: Sol, muito sol, água salgada, areia quente, gente estranha, cachorros, caipira e crianças; assim mesmo, tudo junto. E nem vou acrescentar as comidinhas típicas. ( aqui no sul, os hospitais sempre ficam muito distante do local onde essas combinações todas acontecem. ) E o povo tem medo da mistura de manga e leite. Pode?
   É estranho imaginar que as pessoas são universos, que vivem na horizontalidade, mas que são seres  únicos e especias no meio de suas diferenças. Diferenças que fazem pessoas destacarem-se por detalhes. Por pequenas coisas. Entendamos ou não, a imperfeição é o mais próximo da perfeição que chegaremos...



  


O som da letra


Tu me alimentas de música
 Eu te alimento de palavras

Tu me alimentas com cordas
 Eu te alimento com grafite

Tu me és melodia
 Eu te sou poesia...




quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Poema Nu



Quero-te nu
não da roupagem

Quero-te nu
de alma

Quero-te nu
de pudores
de amores
de temores
de todas tuas dores
e de teus rancores

Quero-te nu
nas entranhas do teu desejo
no teu inconsciente
no teu consciente
na tua descoberta
e na tua fantasia

Quero-te nu
de urgências
de expectativas
de emoções
de relações
de todo teu tempo

E depois
Por fim
Ainda vou querer-te nu
para  vestir-te
             de mim...



hermafrodita



Gente muito séria.
Muitas sombrinhas.
Muitas faixas de pedestres.
Muitos esparadrapos.
Pouca conversa ou muito controle.
Muita rigidez de horários.
Pouca brisa.
Muita enxurrada.
Muitos manuais e falta de prática.
Muitos jornais e poucos livros.
Casas e não lares.
Gozo vazio.
Poucos bilhetes de trem e infinitas pontes aéreas.
Muita roupa.
Cama arrumada por quê?
Muitos emails e nenhuma carta.
Excesso de maquiagem e falta de cultura.
Salto muito alto e pouca imaginação.
Falta de senso de humor e muitas gravatas.
Muito ar condicionado.
Pouco respirar...
Muita memória sem lembrança.
Muitas impressões e nenhuma segunda intenção.
Pouca hipérbole e muitos pleonasmos.
A estrada sem caminho.
A mão na pedra sem o magnésio.
Música sem melodia.
O prazer do braille na pele.
Ler Olavo Bilac e desejar ouvir, sentir, viver Neruda.





Todas as manhas


  Seus cabelos que lembravam chocolate com colheradas de mel, estavam presos naquele dia. Estava sentada no deck, com o olhar perdido em algum ponto da ilha, daquele café no cais a visão era deslumbrante. Usava um vestido quase da cor da sua pele, e o contraste com o cabelo escuro, formava uma cena delicada e minha vontade era tocá-la.
  Queria me aproximar, sentir seu perfume, tocar sua pele. Queria lhe falar, ouvi, olhá-la nos olhos, saber o que  procurava perdida naquela manhã.
  Não conseguia me mover até sua mesa, aqueles instantes pareciam preciosos demais para qualquer aproximação. Ela levantou-se. Olhava a água agora. Seu vestido era longo, leve, e naquele momento senti inveja dele. Ela a tocava, sentia. O vento também, e pude sentir seu perfume. Era a cena perfeita. Poderia ter morrido naquele instante.
  Pensei em me aproximar e lhe oferecer meu casaco, um café quente, um abraço... Imaginei que fosse delicada demais para aceitar qualquer que fosse minha oferta, eu com certeza a assustaria, ela estava só com seus pensamentos, distraída de todo em torno e concentrada em algo maior que tudo. Minha voz a tiraria de seu mundo, parecia belo. E eu não pertencia a ele, não era digno de estar lá.  Muito menos digno de importuná-la.
  Observei durante dias, meses até. Acho que durou exatamente uma estação. Ela transformou-se em algo necessário, algo diário.
   Na última vez que a vi, eu estava sentado, tomando café e observando-a. Ela levantou-se, caminhava lentamente em minha direção, parou ao lada da minha cadeira e disse:
  - Obrigada pela sua adorável companhia durante esse longo tempo. Adeus.
  Sua imagem ia sumindo em meio a neblina matinal, eu covarde; fechei os olhos imaginando que fosse possível mantê-la um pouco mais comigo... E a amei desde sempre.



sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012



E depois de Sobreviver, o que acontece?



Areia



Me dá o mar?
Que você vai fazer com ele?
( pequena pausa com suspiro )
Preciso dele inteiro hoje... ( e mais um suspiro fraco )
Para que?
Para me perder...




Antes


Algo de belo
que fala em silêncio
que entende a chuva
que carrega doçura na alma
Algo raro...




Ela amava margaridas



Hoje eu só quero morrer de mim
de um sentimento maior
de uma causa incontida
de alguma sentimentalidade torpe.

Em alguma manhã de chuva
não renascerei
quero apenas surgir
no silêncio de algo um pouco doce.




Retratos



É como procurar pétalas

            E encontrar fotos de ausências ...




domingo, 1 de janeiro de 2012

Tristesse



e porque me foi dada uma alma cansada
uma alma que tem saudade de casa
que tem urgência em voltar
de sentir
uma alma que quer buscar o que ficou

me vestiram de uma vida incompreensível
e a alma que se desnuda triste
não entende
quer voltar aos gramados de outrora
onde caminhava descalça

leve foi e carrega hoje os pesos
de todos os ontens
não pensa em chegar ao amanhã
de dias iguais
presos e sem música



Das marcas


Na alma
 as impressões

Na pele
 o arrepio

Na alma
 o sentido

Na pele
 a urgência

Na alma
 a saudade

Na pele
 também...