Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

vamos



Você não deveria nos procurar
Também não deveria acreditar quando digo.
Meu silêncio o mantem livre
Mesmo que  me aprisione
É um tempo que eu tenho
Preciso me apegar a isso
É o que não me deixa dormir
Mas quando você acordar
Ainda terá a canção.
Na multidão serei eu a olhar
Serei somente alguém
E não importará mais
porque não precisamos mais acreditar...
                                                            Somente seguir.

simetria


De onde vem isso que alguém ( no singular) tem, de saber as palavras certas e conseguir combinar com a hora certa também ( até no plural ) ?!


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Lua



Então anoiteceu
Eu não vi
Eu senti
Não adormeci
Finalmente amanheceu...
                                       Revivi.


                                

Quem


 Não sou  quem escreve;
também não sou o que escrevo...
                                                   Os escritos me são...


Abstrair



Que sobre espaço apenas para essências
De gente ( as verdadeiras )
De coisas  ( as úteis ou bonitas )
De amores ( no singular )

Pouco, muito pouco.
                                     Suficiente apenas para tornar-se Sagrado...


Quero


Antes do final começar
Penso em caber nós dois em um dia inteiro...

Rabiscos


Brincar em teu corpo
Marcar como tatuagem
Vontades exauridas
Músculos exaustos
Água não tira
Esfregar não sai
Em teus braços
Repousa, pesa
E te faz gostar...



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Longe


Esse fuso horário que te leva para o futuro
É o mesmo que me deixa aqui no teu passado
Horas carregadas de distancias
Distancias de futuros e passados
Esperas cansadas
Passados de saudades
E futuros incertos...



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A idade do beijo


Beijos pré-datados? Sim, beijos envelhecem. Já nascem adolescentes. Acho que beijos nunca são crianças, ou talvez sejam sim; podem  ser como os velhos, que envelhecendo retrocedem e voltam à infância. E talvez a infância do beijo seja sua própria velhice.
  O primeiro beijo é adolescente, quase infantil. Mas amadurece muito rapidamente, um beijo jovem é cheio de expectativas. Tem necessidade de superação.
  Um beijo adulto é quando o motivo do beijo achou equilíbrio. Tem expectativas reais, precisa apenas cumprir sua função de beijo. Ele pode dar-se ao luxo até de ser um beijo no nariz, e mesmo assim ser cheio de significados. Pode ser um beijo mágico na testa, sabe exatamente o que quer dizer.
   Função de beijo é acordar os sentidos, lembrar a cinestesia, como ler ou escrever em braille. Beijo é homeopatia, é carinho, encontro, proximidade, cumplicidade, traquinagem também claro. Beijo é inicio, é celebração. Beijo adulto é bem temperado...
  Quando o beijo começa envelhecer, fica morno, sem sal. O beijo morre frio...

Cenário


Dúvidas de sempre
Casa ou apartamento?
Cidade ou campo?
Avenida ou um beco charmoso?
Frente norte, nude no living e branco na suíte...
Tantas escolhas e interrogações e eu nem penso em morar em outro lugar
que não seja capitulo de um velho livro...


Ritual



Sempre é o primeiro beijo
O primeiro beijo do dia
O primeiro beijo de café
O primeiro beijo depois do almoço
O primeiro beijo de sobremesa
O primeiro beijo para o pôr-do-sol
O primeiro beijo de happy Hour
O primeiro beijo de boa noite
O primeiro beijo para não dormir
O primeiro beijo para amar
Sempre é o primeiro beijo
Sempre é a primeira vez que te beijo...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Meu



Te sonho
                Te acordo
 Te guardo
                  Te durmo

                                 Te segredo-me....



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Desmaterializar-me...
                            Simplificar-te...
 Inspirar-se...


             


Tempo de desejar mais tempo
Tentar mudar o vento
Diminuir a distância
Entre o tempo e a voz...

inexistente


Planos trocados
Sem perguntas
Sem respostas
Caminhos opostos
Sem importância
Sem sentir
Sem querer
Sem olhar
Sem gestos
Sem procurar
Não aceitar.
Encontar apenas lugares ausentes...


domingo, 20 de novembro de 2011

Encontro


Eu preciso te encontrar e só posso fazer isso de olhos fechados.
Te sinto no silêncio de dentro, aqui fora não encontro nada...

Falta


Preciso da tua mão quando não posso dormir sozinha
quando o destino brinca com nossas vidas
quando vejo o por-do-sol
quando  começo maldizer as distâncias
quando me sinto desorientada
quando chega a fria e linda noite de inverno
quando não posso mais acreditar na poesia.

Preciso da tua mão quando os dias parecem imperfeitos
quando as manhas são silenciosas
quando as estrelas cintilam tristes
quando chega a hora de ir
quando as canções não conseguem ser doces
quando o mundo se agiganta
quando a espera torna-se incompreensível.

Preciso que segure minha mão e me leve até onde o tempo não possa nos encontrar...



Longe


Agora não tem mais tempo, ajudar  fazer a bagagem é triste, é dolorido. Cada dobra na roupa, cada vez que o perfume salta de uma peça, cada vez que o relógio lembra que é preciso ir.
  O último café, esfriou, sobrou na xícara. Mesmo doce, não tinha sabor. Feliz por lembrar de tudo. Triste pelas incertezas. Dias lindos, dias poucos. Horas rápidas demais. Tempo curto que vale por vidas.
  Lugares que passei por quase todos os dias e nunca havia visto. Foram  lugares especias. E é difícil olhar para tudo agora.
  Sobra falta de tudo que foi vivido, sobra falta de tudo que não foi vivido, sobra espaço, falta cheiros, sobra cobertor e falta o querer dormir.
  É como não ter onde ir, como querer voltar e não saber o caminho. É alguém que não vem...


Incompleto


Leve é uma manhã de domingo
Macio é fazer carinho no gato
Doce é um natal
Colorido é uma tarde no mini-mundo
Especial é um jardim com lavandas
Diferente é o cheiro que os livros tem
Amável é o abraço da minha avó
Surpresa é quando nem dá para descrever
Simples é o que fascina
Agridoce é a cura pela lágrima
Estranho é vida de adulto
Frio é parecido com drops de menta
Lindo é uma margarida branca
Inesquecível é a pele alva
Triste é não ter um unicórnio alado
Grande é imaginar os dinos maiores que um elefante grande
Sozinho é o olhar marejado de quem fica vendo partir
Metade é uma mão sozinha
Saudade é só o que resta...


sábado, 19 de novembro de 2011

Estranho


Eu jamais teria coragem de te contar quantas vezes já me surpreendi fazendo planos e te colocando neles. Eu até escolhi os sapatos, e nunca te contaria que eles seriam azuis. Eu também não poderia te contar que procuro teu cheiro em quase tudo e que adoraria te ver comendo melancia, sentado na grama em um dia de verão.
   Imagine se eu te contasse que desenho teu rosto no meu travesseiro? E  se tu soubesses que já colhi flores pra ti, só que deixei no vaso da minha mesa. E quantas cartas enormes já te escrevi, quantas mensagens, emails, poderia escrever um livro com tantas palavras. E tudo sem nunca enviar.
  Te desejei bom dia e boa noite à cada manha e à cada anoitecer, só nunca te falei e nem falarei.
  As flores que eu colhi, eram lindas, belas, doces e perfumadas. Coloquei-as no vaso. Ficou lindo, estavam comigo; eram minhas. E cada dia que passava, perdiam vitalidade, por fim murcharam. Se eu as tivesse deixado como faço contigo, elas ainda estariam lá. Ainda seriam belas e poderiam me amar por isso.
  Jamais te contarei. Nunca te murcharei. Nunca te terei. Nunca te perderei... pra sempre meu.


Refúgio

 
O sentimento é narcisista, ele se apega mais a ele mesmo do que ao seu objetivo. Estar sentindo é o que alimenta o sentimento, é meio como a relação dos gatos e os lugares. A gente acha que os gatos se apegam as pessoas, e não é verdade, eles se apegam mais aos lugares, ao seu ambiente. Funciona assim com as paixões também.
   Sem nos darmos conta, sentimos falta não da pessoa, mas do sentimento, de como nos sentimos bem ao seu lado. O cheirinho doce, a mão macia, o jeito perfumado de sorrir, todas essas coisas que nos fazem bem... nos deixam mais leve. Um simples sorrir pode modificar completamente o dia, e a falta dele também. 
   A sensação deliciosa de ouvir: " Como foi seu dia? "; Essa pergunta aparentemente simples, provoca sensações doces, nostálgicas e mágicas. É o saber que alguém te ouve, alguém  que se preocupa, alguém quer te saber. É o sentimento sendo egoísta, o sentimento sendo inocentemente irônico... 
   Os sentimentos são  manipuladores, nos fazem acostumar tanto à  esperar, que por vezes,transformamos isso em um sentimento, acabamos nos apaixonando pelas expectativas da própria espera. E pode ser belo, mesmo quando parece interminável, distante e frio.
   Esperar torna-se então um refúgio, um lugar seguro, sem riscos; um sentimento sem sentimentos...


   

O outro


Um tem os olhos azuis e o outro castanhos. Um mora longe e o outro ficou aqui. Um alimenta-se de cultura e o outro escreve banalidades. Um é o exagero e o outro busca o equilíbrio em tudo. Um é elegância e o outro pura doçura. Um fala muito forte e o outro venera o silencio. Um tem raízes profundas e o outro criou asas. Um socializa tudo e o outro é interiorização total. Um contesta sempre e o outro acha graça. Um ama o cheiro do teatro vazio e o outro guarda flores em  livros. Um racionaliza sempre e o outro é puro coração. Um estuda politica internacional e o outro conversa com anjos. Um tem sonhos materiais e o outro anda descalço. Um tem urgências e o outro busca paz interior. Um é cheio de reservas e o outro também. Um sempre sabe a direção e o outro se perde. Um dorme sempre e o outro raramente. Um tem o riso contido e o outro sorri de alma limpa.  Um é praticidade e o outro agradecimento. Um ama e o outro também. Um pensa muito e o outro age. Um vai adiante e o outro segue. Um encena e o outro ri muito. Um declama poemas clássicos e o outro se emociona. Um planeja jantares sofisticados e o outro come pêras. Um tem calor e o outro dorme de meias. Um ensina e o outro aprende. Um aprende o que o outro ensina. Um é complexo e o outro profundidade. Um coleciona Maggiolinos e o outro quer um unicórnio alado. Um sente falta do sorriso e o outro da mão. Um está longe demais do outro e o outro ainda assim sente o seu perfume...


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Certezas


Eu nunca seria um Sanduíche com mostarda. Não seria uma Sala de espera, não poderia ser Comida apimentada, picante. Não seria Wiskie e nem Vodka. Nunca seria Sushi ou Gengibre. Nunca seria uma Certeza, não consigo ter certezas em afirmações, talvez em negações seja um pouco mais fácil. A Incerteza também eu não poderia ser e nem uma Parábola. Um Telefone eu não seria e nem um Ferro de passar roupas. Um Matemático eu não queria ser e nem Professora de culinária, tampouco seria Eu mesma ou uma Cigana.

  Eu não seria uma Tarde de sol escaldante e nem uma Tempestade destruidora. Não seria uma Crise de TPM e  nem um show de malabaries, não seria uma roseira e não poderia ser um picolé de milho verde, não poderia ser uma montanha muito alta. Não seria um sapato preto triste ou uma bota branca.

 Não sou mais quem eu era ontem e nem serei a mesma de hoje amanha. Como não serei alegre todo dia e muito menos triste sempre. Eu não seria aqueles figos em calda e nem compota de abóbora.

 Não sei ser um escândalo e nem uma missa , não sou uma melancia gelada e não sou um pote de sal. Não sou qualquer preconceito e nunca um bife de carne vermelha e nem branca, definitivamente eu nunca seria uma proteína.

  Uma agenda usável eu não poderia ser e nem uma planilha de excel. Não sou nada perto de 100% e nem um zero.

 Existem coisas que eu não seria porque não gosto; Eu nunca seria um pé de salsão ou um ovo. Eu não gostaria de ser um espeto, uma vassoura ou um guarda-chuva preto. E não seria um poodle ou um dromedário e nem uma bacia de plástico.

  Outras coisas eu não sou ou não poderia ser porque não tive oportunidade. Como uma grama molhada que nunca fui e nem serei, ou um pé de lavanda. Nunca pude ser uma manga doce ou um pote de açaí. Jamais pude ser uma manha de domingo e não fui uma noite de inverno.

  Algumas coisas talvez eu não seja porque abri mão delas; não sou uma vendedora de pulseirinha de conchas na praia, uma professora universitária de limnologia e nunca serei monja ou ruiva.

  Enfim, tudo o que eu não fui, ou não sou, me aproximou do que realmente sou... ou não.


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Procurando


Se vivêssemos em um mundo real, não existiriam açougueiros e nem bancários.
No nosso imaginário, pianistas vivem como se fossem farmacêuticos, contadores de histórias são feirantes, fadas do dente podem ser ortodontistas e bailarinas são vitrinistas.
Não sei ao certo como viemos parar nesse terreno tão irreal e tão diferente do que realmente somos, mas em alguma parte do caminho ficou nossa essência. O nosso verdadeiro ser.
Imagino que tenha ocorrido algo muito grave, para que fôssemos obrigados a usar nossa imaginação de forma tão incisiva, e deve ser muito perigoso tentar descobrir os porquês, afinal, crise existencial explica quase tudo.
A aceitação definitiva do imaginário implica na perda do real.
E perder-se do mundo real, é perder a capacidade de ver as coisas na sua totalidade. É simplesmente aceitar como verdade absoluta  o que é transitório e mensurável. Quando a realidade perde-se na imaginação, não nos vemos mais sem as fantasias.
Acho que me vestiram essa fantasia de hoje, quando, lá no mundo real descobriram que eu tinha medo do escuro, me ensinaram como a luz funcionava e fui ajudar quem tinha medo também, na verdade o que me ajudava era  apenas escrever histórias com finais doces.
Quando o imaginário me permite ser real; sou apenas eu, papel e um lápis.
E você? Quem era você no mundo real sem a fantasia de hoje? ...



Chegar no silêncio
Sem acordar
Deitar e ser sonho junto...


Tempo Antes



O tempo se confunde
Esperando o passar de tudo
Procurando um tempo passado
Onde morava antes do tempo agora
Querendo o minuto do tempo além
Sem ver o caminhar lento do tempo hoje
Perdendo-se nas horas do tempo de ontem...


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Distante



Uma imensidão escura
Um frio fundo na alma
Um silêncio de medo
Uma imagem refletida
Um peito sem ninguém
Uma forma sem corpo
Um acordar sem dormir
Um vento na sombra
Um olhar vazio
Um tempo longo
Uma jura sem promessas
Uma música ausente
Uma vida que nunca viveu...


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Soprou


Certamente você comentaria como foi feliz a escolha do Carménère, de como tinha razão sobre sua intensidade e profundidade de sabores e aromas, sobre a suavidade dos taninos em relação ao meu apaixonante Cabernet, e logicamente eu deixaria que você estivesse certo, sempre achei os Merlots mais elegantes entre os três, ainda consigo manter isso em segredo, não ousaria desalinhar seu ego nesse momento.
 Os sabores e os cheiros confusos da mistura de sorrisos, vinhos e cafés. A recusa da pressa, o cessar dos relógios, o silenciar do tempo, um pulsar descompassado entre agendas e distâncias que não entendem rotina.
 A garrafa solitária na prateleira remetia a amores não vividos, noites solitárias que se arrastam com longos restos de sol. A falta de saber o sabor do vinho, imaginar esse sabor misturado com o tântrico e uma leve falta de luz.
 O tempo chama e a garrafa voltou à prateleira, continuou só... por instantes pôde imaginar que o tempo entre o terminar do dia e o amanhecer deveria ser inconstante e palpável...

Horas


Não posso imaginar uma noite inteira
Só posso escrever
Entre as sombras e a rua
Algo leva-me e esconde-se
Encontro-me ausente
Sem mim.
E as lágrimas vem com o corpo vencido
E derrotado pelo tempo interminável
Que arrasta madrugadas sozinhas
A presença desejada não amanhece
Esconder-me-ei
Onde a noite não chega
Ou tatuarei o dia na memória das mãos...


Adormecer


As mãos e os dias
Vazios
Leves e sem sentido
Nunca mais a asa voou
Essa noite queria o céu
E ele não é meu
Ele se perdeu
Não sei abraçar o tempo
Só momentos
Repetidos e nunca iguais
E o céu não poderia
Ser tão longe
Tão sozinho
Não ouço a música
Não sinto o vento
Onde estiver
Canta pra eu dormir?


Verbalizar


Cair do meu sonho
pousar em um pensamento teu
buscar vestígios de ti
deixar os copos vazios
e o livro inacabado
guardar os sentidos
imaginar a cumplicidade
descobrir o sabor do sorriso
esconder o tempo
esquecer de lembrar o resto
libertar as palavras
amenizar distancias
acordar para te ver dormir...

Tempo velho


Era um velho sentado
não só um velho
ele era um tempo
um desenho desbotado
uma história cheia de marcas
com mãos calejadas de semeaduras
que entendiam de vidas
que o tempo uniu por momentos
e agora procuram sentir
qualquer sensação
mesmo que seja apenas o frio
do banco solitário da praça
onde todo dia o velho senta à esperar
por algo que logo vai chegar...


Sem fim


Sem motivos para ir
Sem saber  porque  ficar
Sem ter o que levar
Sem ter o que deixar
Sem olhar para o chão
Sem conseguir olhar para o céu
Sem conseguir mais esperar
Sem forças para buscar
Sem entender o hoje
Sem coragem de planos para o amanha

Sem ar para respirar
Sem coragem de desistir
Sem querer prosseguir...


Passou


Trocando palavras
queria ser tua pele
eu saberia o caminho
Um pensamento teu
poderia ser segredo meu
cair do teu sonho
Um sonho meu que voou
O tempo do sentir
no sentir do tempo....


Frida



Protege o que eu te dou
é o melhor que sou
sem defesas
fica em mim
que  hoje o tempo dói
no lugar mais dentro
no dia o tempo parece perdido
sem gestos ancorados
às vezes o mundo nos leva para longe de nós... e pára.


Lontananza



Um gesto no meio do sonho
as janelas se quebram
pedaços ao chão
restos de inteiros
falta de cores
o esperar é longo
arrastado
Sentir tudo e ser metade
temporariamente
Faz frio
e as palavras não respiram mais
uma ocasião de ida
uma incompreensão
talvez o percurso natural...


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ficou lá


Se o arco íris abençoa
e a mão fica gelada
o céu desce e vira chão
uma cidade distante e uma escada
a cortina do teatro fecha
o cenário é do lado de fora
O tempo entra em simetria reversa
o sentimento que nunca retrocede
fica preso no silencio de horas
quebradas por noites intermináveis.
os degraus da escada ainda esperam
a promessa gravada no espectro de cores
traça um idioma híbrido
entre palavras novas que nunca adormecem...


Alto

Algo de colorido
um pouco de alegria indecente
O céu sorrirá e será colchão
no mais belo momento;
É bom te sonhar...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Perdida


Vasculhando vazios
buscando impressões
no meio das sobras de tantas faltas
longe de alinhamentos e horizontalidades
vagando entre mundos paralelos
que mergulham em sensações vicerais
e deixam marcas permanentes em
lugares essencialmente inatingíveis...


intervalo


Na bagagem só amor
O suficiente para nós dois
na medida para dias belos
com trilha sonora de amores lindos
e cores de céus abençoados...
todos os abraços possíveis
e um sem fim de beijos
com um mundo inteiro de carinhos
e outro sem fim de planos...
Algo de interminável nas madrugadas
e amanhecendo atrasado
com vontade de acelerar o dia
e voltar logo para essas horas mágicas
onde podemos desligar o mundo
e entrar na perfeição...


O sentir



Tudo que voce precisa hoje é acreditar
fechar os olhos e desejar
Nunca mais, é algo distante demais para ser real
Então acredite em mim
Se por acaso estiver com medo
ou sentindo a dor da solidão
eu estarei aqui
Com a chuva ou com o vento
procure-me
Veja o invisível
Tudo o que você acreditar existe
Apenas sinta essas palavras
Onde quer que você esteja
eu estarei também
e sei que você é capaz de sentir...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ausência


Tentando me transformar no que sinto, quando o sentimento é inteiro e o Ser somente metade...


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Caminho

 .
Alguma chuva sempre é linda e necessária, como o sonho
mas a vida pode também vir dourada de Sol
e agora talvez seja hora de fechar os guarda-chuvas e começar sentir o Sol...


Abstrata


Saudade sem nome
Sem rosto
sem perfume
sem textura
Saudade inexata;
Saudade sem horário
sem bagagem
sem caminho
sem destino
Saudade perdida;
Saudade sem tamanho
sem contorno
sem toque
sem laço
Saudade sem medida;
Saudade sem tempo
sem marca
sem pegada
sem gosto
Saudade Real...