Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Rabiscos



Não tive coragem de vestir as outras pessoas que moram em mim. Deixei-as caídas no meio da sala. Inertes e frias. Fui buscar o que respirar sozinha. Longe de todos eles. Uma pausa na pluralidade de (em) mim. Um abandono  bem vindo. Me fiz velha muito antes da chegada dos anos pesados. O rosto limpo permanece dentro das horas na noite que não acaba.Quem nunca dorme sente o tempo passar dobrado.O errado permanece empoeirado e o sorriso encoberto pelo lençol branco, o mesmo que cobre a mobília. Devo à mim mesma várias parcelas de vida, de inúmeras vidas. E essa racionalidade parece surreal agora...


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.