Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Sobre perfumes, cores e estações

Eles planejavam casar naquele inicio de primavera, seriam apenas eles três; ela, ele e um plátano como testemunha, em uma cerimônia simbólica, quase lúdica, serviria apenas como parte daquele doce encantamento.
Tudo acontecera como num romance antigo, daqueles de príncipes e princesas, cheio de aventuras e fantasias... Era disso que aquela história se alimentava, de fantasias e planos futuros, um futuro distante e de certa forma duvidoso.
Foram tantas as horas planejando detalhes daquela que seria uma linda vida, uma vida simples, bela e esperada, céus, como cada segundo daquela vida era esperado... passaram o incio do outono juntos e o inverno havia chegado, estava quase no fim e a primavera se aproximava.
Com a proximidade dos dias mais claros, mais longos, mais luz e mais sensações; O surgimento de sensações até então guardadas talvez,  não eram de todo desconhecidas, não eram novas, apenas ressurgiam em momentos inesperados, causando as vezes alegria, as vezes espanto... E como estória sonhada, distante da realidade, estória nunca antes vivida e completamente sem precedentes, era bela porque a alimentavam do que poderia ser mais doce, do doce que era guardado a tempos em potes especiais... A alimentaram com juras de amor eterno, com promessas, carinhos, com sonhos, palavras de ternura, com extrema gentileza e com um afeto nunca antes visto.
Mas acho que faltou algo, e num dia frio, um daqueles longos e cinzas dias de inverno, o que faltou ser tomou forma... Forma de algo real, concreto, e num sobressalto ela foi acordada de toda aquela fantasia e trazida ao mundo real,  aquele mundo havia mudado...
Logo ela que sempre desejou viver num mundo bem distante desse, agora estava maravilhada com o espectro de cores a sua frente. Os perfumes chegaram também, estavam leves a dançar no ar e não precisavam mais ser resgatados quase que em desespero no mais profundo da sua memórias.
Agora ela podia sentir, e como ela gostava de sentir... Como ela se sentiu viver novamente... começava ser apresentada ao mundo real, voltaria a ele. O mundo da fantasia, as vezes, queria seu lugar de volta, ela começou a viver dividida entre os dois mundos e precisaria escolher logo... a primavera logo chegaria...

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