Nunca escrevi tão pouco, nunca escrevi. A cidade está seca, chove pouco. Não chove. A secura que faz lá fora é a mesma que chega até a garganta. A voz falha em uma rouquidão de areia e sal, em plena serra. Não existe mais conexão, o previsível deixou de fazer parte desse dia, não vou mais voltar. Quero entregar as chaves e deixar o piso empoeirado. Sair e não olhar o espaço em branco, jamais será novamente tão branco, não sei porque ainda me importo com o pó. Essa não é minha casa, apenas um espaço ocupado por alguém que vestiu-se de mim, nunca fui eu, nem estive aqui entre minhas coisas agora espalhadas. O mofo tomou conta do café que restou na xícara sobre a pia, apareceram pelos no mofo. Até o tempo tem sua validade quando preso em um lugar que não é seu. Até o relógio cansa e continua na mesma parede sem mais entender a ausência de movimentos em seus ponteiros.
( Não deixe uma carta desta vez, tente saber que horas são.)
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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.