Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Átimo



 Em determinado momento a natureza parece parar, o vento adormece, todos os elementos silenciam, os animais aquietam-se, tudo torna-se sereno. Talvez o tempo como aprendemos a ver seja apenas uma impressão equivocada. Talvez estejamos completamente enganados sobre sua verdadeira relatividade, se Ossendowsky conseguiu descrever lapsos no tempo, seria ele o único a perceber dessa maneira?
  E se todas as verdades que aprendemos como imutáveis forem apenas projeções da nossa mente acomodada? Sem questionamentos, sem mudança de ângulo de visão. Desde sempre nos foi ensinado, por convenção, que a medida de tempo é numeral, sempre exata ( realmente isso facilita muito o funcionamento do mundo enquanto sociedade ). Quantas vezes deixamos de ver as coisas que podem ser as reais, as verdadeiras e mais importantes, por estarmos sempre olhando para o que nos é imposto como real. 
  O tempo poderia ser sentido e não medido, acho que assim, sentindo sua intensidade, energia, cheiro e cor, poderíamos começar a entendê-lo. Claro que o tempo tem cor, e não uma única. Sim, o tempo precisa de sinestesia. O mundo precisa de sinestesia, e com uma certa urgência; urgência é uma maneira de sentir o tempo, ou entender seu valor. 
   O tempo precisa de tempo para ser revisado...

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