Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Do esquecimento


No meio do diário de anotações faltou um dia. Cedo ou tarde eles somem, sobrou um espaço depois da foto; como nas viagens longas, sobra uma noite. Desde cedo perdi a contagem do tempo, sou dislexica na sua linguagem, também não entendo seu idioma. Rabiscos de um caderno de folhas brancas e capa parda. Cartas reescritas à lápis muitas vezes, sem envelopes. Sem selos. Nunca serão lidas. Aqui faz frio, ontem ventou. Sempre será verão onde estás agora. Azul. Não sei o que escreverias hoje. Nessa casa que me abriga e não é minha, guardo o caderno, nele cabe tudo que não se vive. É tua morada. Há uma certa beleza nisso e, um pesar. De manhã o  sol é distante da janela do quarto. Um musgo verde cresce perto da velha veneziana. Quem foi que falou em ausências, quando tudo que precisamos é de esquecimento na sua forma mais pura. Quem ousaria lembrar?

Talvez tu nem saibas mais ler.






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