Hoje matei um homem.
Matei de uma morte seca, sem dor, só a morte bastava. Preparei tudo em detalhes, cada movimento foi estudado, cada toque tinha o tempo certo. Não caberia arrependimentos.
O primeiro olhar, o mais cruel, aquele em que os olhos ficam levemente apertados e as sobrancelhas arqueadas, um esboço de sorriso frio, olhar de anúncio da morte, ele é como uma carta de uma única palavra. Não existe dó nesse olhar.
Sua existência assassinada com golpes exatos, até a morbidade crua se fez presente. O dia vestido de neblina foi jazigo, o vento lhe serviria de lençol.
Sua existência assassinada com golpes exatos, até a morbidade crua se fez presente. O dia vestido de neblina foi jazigo, o vento lhe serviria de lençol.
Matei e olhei morrer. Uma morte de expurgo, simples e prazerosa como espremer uma espinha purulenta, que sangra pouco e purifica tua crueldade.
Sem culpa esperei a última respiração, e os suspiros se confundiam, o meu de alívio, de prazer, quase um gozo vazio e o dele pesado e lento, frio, fechado cessou.
Eu matei aquele homem porque precisava que a morte saísse de mim, não cabíamos mais, eu e ela, na mesma casca.
Matei pelo prazer de ver morrer o que me matava... Matei para não morrer...
( Pensei em enterrar o corpo, desisti. Achei melhor livrar-me dos velhos sapatos.)
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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.