Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Soprou


Certamente você comentaria como foi feliz a escolha do Carménère, de como tinha razão sobre sua intensidade e profundidade de sabores e aromas, sobre a suavidade dos taninos em relação ao meu apaixonante Cabernet, e logicamente eu deixaria que você estivesse certo, sempre achei os Merlots mais elegantes entre os três, ainda consigo manter isso em segredo, não ousaria desalinhar seu ego nesse momento.
 Os sabores e os cheiros confusos da mistura de sorrisos, vinhos e cafés. A recusa da pressa, o cessar dos relógios, o silenciar do tempo, um pulsar descompassado entre agendas e distâncias que não entendem rotina.
 A garrafa solitária na prateleira remetia a amores não vividos, noites solitárias que se arrastam com longos restos de sol. A falta de saber o sabor do vinho, imaginar esse sabor misturado com o tântrico e uma leve falta de luz.
 O tempo chama e a garrafa voltou à prateleira, continuou só... por instantes pôde imaginar que o tempo entre o terminar do dia e o amanhecer deveria ser inconstante e palpável...

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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.