Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Procurando


Se vivêssemos em um mundo real, não existiriam açougueiros e nem bancários.
No nosso imaginário, pianistas vivem como se fossem farmacêuticos, contadores de histórias são feirantes, fadas do dente podem ser ortodontistas e bailarinas são vitrinistas.
Não sei ao certo como viemos parar nesse terreno tão irreal e tão diferente do que realmente somos, mas em alguma parte do caminho ficou nossa essência. O nosso verdadeiro ser.
Imagino que tenha ocorrido algo muito grave, para que fôssemos obrigados a usar nossa imaginação de forma tão incisiva, e deve ser muito perigoso tentar descobrir os porquês, afinal, crise existencial explica quase tudo.
A aceitação definitiva do imaginário implica na perda do real.
E perder-se do mundo real, é perder a capacidade de ver as coisas na sua totalidade. É simplesmente aceitar como verdade absoluta  o que é transitório e mensurável. Quando a realidade perde-se na imaginação, não nos vemos mais sem as fantasias.
Acho que me vestiram essa fantasia de hoje, quando, lá no mundo real descobriram que eu tinha medo do escuro, me ensinaram como a luz funcionava e fui ajudar quem tinha medo também, na verdade o que me ajudava era  apenas escrever histórias com finais doces.
Quando o imaginário me permite ser real; sou apenas eu, papel e um lápis.
E você? Quem era você no mundo real sem a fantasia de hoje? ...


2 comentários:

Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.