Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

sobre a próxima tatuagem


Era por demais pesado o existir em dias que buscavam uma outra forma de caber naquele corpo já exausto de uma vida que lhe chegava em gotas escassas de um temporal que nunca se fez chuva. Era um pesar; apenas um volume sobre o solo, a gravidade se fazia perceber e essa força por vezes amorteceu-lhe os pés. Um ficar. Um torpor. Se ao menos houvesse um único instante em que os sentimentos não lhe tivessem abandonado a carne, um único momento em que pudesse realmente encher os pulmões com uma respiração de puro significado de estar viva. Respirar, sentir e permanecer, verbos que lhe fugiram ainda na morada antiga. Uma conjugação em tempo inexistente, talvez desnecessário.

( e tatuou: forse mi bastava respirare, solo respirare un pò )



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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.