Quando ressurge esse verde acusador nos teus olhos, desejo ardentemente arrancá-los, não de ti; de mim. Um desejo visceral, latente como um único sentimento na eminencia de materialização da força em minhas mãos nessa hora. Não quero mais que isso permaneça na menina que fui, adultou-se toda forma de dor contrária. Tua retina é parte do que pesa em meus ombros. Tua presença é a falta de um simbolismo maiúsculo. Uma paternalidade cruel. Machuca-me a carne com a cor. Dói-me a frieza tua que agora corre por todo meu corpo. É gelo. Maldito sejas tu e todo teu amargor. Malditas sejam tuas pupilas que nunca reagem à leitura de outros olhos. Malditas sejam as lágrimas que brotam entre castanhos. Maldita seja essa minha insistência infantil em tentar permanecer aqui. Maldita seja eu descendente dessa tua linhagem mofada.
( Porque escrever é sagrado e tu não sabes ler; a sombra dos mortos pousa na horizontalidade. Nunca saberemos entre tu e eu quem morreu primeiro )
Sobre os exercícios de afastamentos, sobre a libertação de uma ausência permanente. Sobre eu mentir em relação ao que sinto. Sobre querer deixar transbordar a raiva que brota quando derramas sobre mim tua frustração. Sobre a promessa de jamais trocar a água das tuas flores. Sobre a certeza de que não existirão flores naqueles dias. Certamente choverá. Nenhum de nós dois chorará, independente da ordem de ida. Sobre o que não vingou. Sobre teu vinho azedo. Sobre eu nunca ter me curado de ti. Sobre o erro. Sobre o tempo manchado.
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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.