Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Da mesma forma do que já nos foi real


Porque somos a carne que nos dói antes das horas afundarem na demora de mais uma noite insone. Só os que vivem a ausência das pálpebras fechadas entendem a severidade do tempo além das madrugadas. Tudo que permanece aqui afasta ainda mais a luz da manhã. Hora de trocar os tapetes. O piso gelado encontra pés inquietos e doloridos. Afastamentos ressurgem por depois dos ossos, solidões. Singulares. Primeira pessoa. Nada nasce antes de mais um dia e, nada morre. Chá que esfria indigesto. Entre sombras, flores no vaso são fantasmas de algo que teve vida. Haste sem seiva. Um outro agora sem ponteiros. Uma casa vazia. 

( porque sempre voltamos aos lugares que nossa memória afetiva aponta. Olhos azuis nunca nos mostram outra verdade que não seja cruel, temos que atravessar pontes cujas cordas já estão gastas pelo tempo. Noutro lado, outro engano. Caímos. )


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.