Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Palavra por palavra


Fiz um pedido para o céu. Não sei o que tem lá depois daquela imensidão azul. Espero que o vento carregue as preces até longe e que se não forem ouvidas pelo menos esses mesmo ventos devolvam um pouco de leveza a esse coração. Às vezes faz bem deixar que  carreguem as bagagens da alma. Logo penso que orar assim é pura esquizofrenia. Uma grande bobagem. Acabo me perdendo entre a necessidade de entrega e a busca por uma realidade palpável. Um caminho cheio de tropeços e pontes. Remendos. Nunca saberei o que é de verdade, nunca encontrarei o entendimento que busco. Meus tratos com a fé sempre acabam bem antes do sol nascer. Já consigo dormir, logo passa também esse medo de tudo que te lembre. 

( escrever cartas para quem não sabe ler é doar-se apenas ao papel, no papel de destinatário de sentimentos que serão apagados pela demora. )


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Coloque uma margarida nessa pulseira, vou gostar.