Nunca fez tanta chuva como agora. Um tempo literalmente cheio de tudo que nos secou, agora quase nos afogamos, por dentro ainda mais do que por fora. Somos água, sentimos a liquidez nos curando as feridas na pele do que nos queimou e nunca falamos. Sentimos muito; sentimos a falta de conjugar verbos sempre distantes. Sentimos a distância de todo um oceano, mergulhamos sem nos molhar ao atravessar; tivemos que voltar. Permanecemos do outro lado, sem bagagens. Estamos longe. Partimos. Continua chover e perto de onde estamos há uma ponte que nunca atravessamos. A estação das chuvas sempre nos remete a lugares onde a água não consegue chegar. Estaremos um dia vazios de nossas tempestades?
( O plural não existe, a ponte também não. Só a chuva permanece )
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