Logo amanhece sábado, depois é dia em que não se vive, o tempo passa rápido até ele e para. Tentei me trancar para não o ver , ele entrou pela janela velha e me encontrou, tentei sair, fingir que não sabia que dia era; há sempre algo que o identifique. É um dia marcado. Tem gosto de remédio sem água e cheiro de um mofo escuro, não sei como respirar. Mas ainda não é dezembro, preciso aprender uma maneira de fechar a janela direito, tenho que inventar outro calendário, tirar o relógio da parede, deixar a comida do cachorro pronta. Tenho que guardar os chinelos, desligar o telefone. Apagar a memória, cobrir os espelhos. Trocar a porta por outra sem vidros. Tenho que sair daqui.
( talvez eu deva acordar cedo e levar as flores prometidas, é sempre bom pagar as promessas, mesmo que seja em um domingo, mesmo que ainda seja agosto, mesmo que não tenha gosto de nada.)
Wow! Pra variar, muito bom!
ResponderExcluir