E mesmo que não estejas aqui, te sinto e percebo. Quase posso te tocar. Dói tanta coisa em mim, e justamente a parte mais machucada esta longe. Uma amputação. É sempre um quase tocar, uma quase presença, uma antecedência de loucura, uma falta sem fim. É quase um querer, bem mais longo e longe disso. Um permanecer aqui e um estar aí, Uma ferida aberta e exposta sem que ninguém veja. Uma dor que lateja perto do mar. Um egoísmo teu em manter a cura contigo. Uma melodia triste e monótona. Uma busca que vai se estender muito além dos dias. O tempo nada esquece, apenas te afasta cada vez mais. Justamente o tempo que não temos. Perto ou longe, sempre distantes. E os domingos insistem e existem no calendário, mesmo que eu os risque, mesmo que eu os pinte de preto, eles aparecem. A insistência dos dias. Não reconheço teu cheiro. As mãos também perderam a memória. Perdi.
( Perdi bem mais do que apenas tua presença. Perdi a mim. Não encontro mais quem fui e não faço ideia do que sou, muito menos o que serei. Sinto-me vazia. Um espectro de tanto sentir. Falta a intensidade que vinha da esperança de te achar. O tempo esgotou as possibilidades e agora já não existe o futuro. Seguiremos por hoje. Apenas hoje, já que não temos um amanhã. Seguiremos. )
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