Aqui é onde a terra se despe
e o tempo se deita..

(Mia Couto, A Varanda do Frangipani)

domingo, 8 de março de 2015

Para lembrar de ser


Preciso respirar, encontrar uma maneira de fazer isso parecer menos cruel...
Preciso de ti aqui comigo, preciso te tocar
Preciso te sentir, sentir que posso me sentir viva de novo
Preciso te ouvir, ouvir que ainda sou capaz de perceber as palavras
Preciso de ti para lembrar de como eu era quando fui capaz de viver

( quero que a ingenuidade permaneça comigo, assim sigo acreditando que tudo voltará a ser... tudo voltará. )


Sussurro


( às vezes penso que devo falar bem baixinho para não acordar certos sentimentos. Sentimentos esses que podem permanecer em algum cantinho do coração, quietos e acalentados pela rotina das batidas de sempre. Deixe estar assim na quietude das coisas de dentro. Apenas deixe estar, deixe-me sentir. Deixe te contar que continuo te amando mais aos domingos... )


Conjugando-os

Tua demora insistente
Tuas horas que não marcam no meu relógio
Teu tempo que não passa aqui

Tu que não estás
Tu que não chegas
Tu que não consigo tocar

Eu que permaneci aqui longe do mar
Eu que conto os minutos
Eu que tenho medo de esquecer teu perfume

Nós que nunca fomos um plural
Nós que não sentimos a chuva
Nós que o tempo escolheu para brincar

( Não estamos, não fomos e nada do que sentimos será palpável. Não conjugaremos os verbos mais bonitos. Somos uma ausência. )